A liberação de água tratada contendo resíduos radioativos, armazenada há anos na usina nuclear de Fukushima Daiichi, está próxima de se concretizar. Com o início dos testes operacionais e a conclusão das etapas finais dos preparativos, o governo japonês e a Tokyo Electric Power Company (TEPCO) planejam iniciar a liberação na próxima temporada de verão. No entanto, a oposição ao projeto ainda é forte, especialmente entre os pescadores preocupados com o impacto na pesca e na reputação dos produtos marinhos. Resta saber se a promessa do governo de obter “compreeensão das partes envolvidas” será cumprida.
A água tratada em questão é proveniente do resfriamento do combustível nuclear derretido (debris) nos reatores 1 a 3 da usina de Fukushima Daiichi, combinada com a água da chuva e a água subterrânea que flui para dentro dos edifícios dos reatores, resultando em água contaminada. A água é tratada para remover a maioria dos 62 tipos de substâncias radioativas presentes. No entanto, não é possível eliminar completamente o trítio, uma substância radioativa difícil de separar tecnicamente. Atualmente, existem cerca de 1,33 milhão de toneladas de água tratada armazenadas, o que corresponde a aproximadamente 97% da capacidade máxima de armazenamento de 1,37 milhão de toneladas. Medidas para reduzir a entrada de água da chuva têm sido implementadas e a TEPCO adiou a previsão de enchimento total dos tanques de armazenamento de “outono de 2023” para “entre fevereiro e junho de 2024”. É importante destacar que o trítio também está naturalmente presente no meio ambiente e é encontrado em águas residuais.
A ilustração a seguir mostra o conceito do sistema de liberação de água tratada. O processo de tratamento remove 62 substâncias radioativas por meio do sistema de remoção múltipla de nuclídeos (ALPS). Após análises conduzidas por agências externas, a água tratada é diluída com água do mar para que a concentração de trítio seja inferior a 1/40 dos padrões de liberação ambiental (menos de 1.500 becquerels por litro) e, em seguida, é liberada a cerca de 1 quilômetro da costa através de um túnel subaquático.
Medidas de segurança foram implementadas, incluindo a instalação de válvulas de bloqueio de emergência para interromper o fornecimento de água tratada em duas localizações. Uma dessas localizações é cercada por uma barreira antitrombas em um local com elevação de 11,5 metros acima do nível do mar. Já foram realizadas medições mais rigorosas da concentração de trítio na área marítima circundante e “valores anormais” foram definidos para indicar a suspensão temporária da liberação.
