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Japão

Kyoto quer que turistas paguem mais caro para andar de ônibus

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A cidade de Kyoto, conhecida por sua rica herança cultural e beleza histórica, enfrenta um desafio em relação ao transporte público em seu centro urbano. Diferente de outras grandes cidades japonesas, Kyoto possui poucas linhas de trem que atravessam sua área central, além de apenas duas linhas de metrô. Isso significa que, para se locomover pela cidade utilizando o transporte público, muitas vezes a opção mais viável são os ônibus.

No entanto, essa opção pode se tornar mais cara para muitos visitantes, uma vez que o governo municipal de Kyoto está buscando permissão para cobrar preços mais altos dos turistas em comparação com os moradores locais pelo uso dos ônibus urbanos.

Existem dois objetivos aparentemente contraditórios por trás desse plano. Em uma entrevista à emissora de TV Kansai, o prefeito de Kyoto, Daisaku Kadokawa, afirmou que o principal objetivo da proposta é reduzir a superlotação nos ônibus operados pela cidade.

“Queremos melhorar o nível de conforto tanto na vida dos residentes quanto no turismo”, disse Kadokawa.

“Aumentar o preço [para turistas] não é o objetivo em si, mas sim uma forma de lidar com a superlotação.” Quando questionado se o objetivo era obter mais dinheiro dos turistas, Kadokawa respondeu: “De forma alguma.”

No entanto, nos documentos que apresentam a proposta, o Departamento de Transporte da Cidade de Kyoto cita uma queda de 14,2% no número de passageiros dos ônibus urbanos de Kyoto desde o início da pandemia, bem como o fato de ter operado com déficit nos últimos três anos, como justificativas para a introdução de tarifas mais altas para turistas.

Tomado isoladamente, o aumento das tarifas poderia resultar em uma diminuição ainda maior no número de passageiros. No entanto, o Departamento de Transporte da Cidade de Kyoto acredita que essa queda será compensada pelo aumento geral no número de viajantes à medida que o Japão avança em direção a um ambiente pós-pandêmico, além da coleta de tarifas mais altas daqueles turistas que utilizam os ônibus. Essa proposta segue um anúncio feito em março de que Kyoto deixará de vender seus passes de ônibus ilimitados para um dia, que têm sido populares entre os turistas há anos.

Vale ressaltar que o novo sistema de preços não se aplicará apenas a turistas estrangeiros que visitam o Japão, mas também a cidadãos japoneses e residentes que visitam Kyoto vindos de outras partes do país. Até mesmo pessoas que vivem em outras partes da Província de Kyoto estarão sujeitas às tarifas mais altas, uma vez que a proposta divide os passageiros em dois grupos: residentes da cidade de Kyoto e turistas.

Quanto à forma como o novo sistema de preços será implementado, uma das ideias discutidas pelo departamento é a criação de cartões especiais de pagamento sem dinheiro para os residentes, vinculados aos cartões de identificação do Número My emitidos pelo governo e associados ao endereço residencial do titular, que cobrarão a tarifa mais baixa. Outra ideia é designar certos veículos da frota como “ônibus turísticos”, que, em tese, cobrariam a tarifa mais alta de todos os passageiros, embora não esteja claro como isso impediria que turistas utilizassem ônibus não designados para turismo e pagassem a tarifa mais baixa.

No entanto, o maior obstáculo para a implementação do plano é que, de acordo com as leis atuais, a rede de ônibus é proibida de estabelecer “discrepâncias de tarifas irrazoáveis ​​ou injustas”. Não está claro se uma taxa adicional para turistas no transporte público se enquadra nessa categoria, e por isso o governo de Kyoto enviou sua proposta ao Ministério de Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do governo nacional em busca de esclarecimentos sobre se o sistema de preços com duas categorias seria legalmente permitido.

Em resumo, o futuro do transporte público em Kyoto está em discussão. A proposta de tarifas diferenciadas para turistas busca encontrar um equilíbrio entre a melhoria da qualidade de vida dos residentes e a sustentabilidade econômica do sistema de transporte público, mas parece ser uma decisão muito mal planejada e discutida. É fundamental que sejam considerados cuidadosamente os impactos econômicos e turísticos dessa medida, a fim de garantir uma experiência positiva para todos os passageiros e preservar a atratividade de Kyoto como um destino turístico, sem impactar no preconceito que é tão presente no cotidiano do país.

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