Grandes corporações japonesas de todos os segmentos, incluindo montadoras, estão fazendo aumento de salários nunca antes vistos.
Essa semana a Nissan Motor Co e a Hitachi Ltd, aprovaram seus maiores aumentos salariais em décadas nas negociações anuais de salários depois que seus sindicatos pediram aumentos salariais que acompanhem o aumento dos preços. A Nissan disse que aumentará os salários mensais em média em 12.000 ienes, o maior aumento desde o ano fiscal de 2004, quando o atual sistema salarial foi introduzido. A Toyota Motor Corp também ofereceu o maior aumento salarial em 20 anos, e a Honda Motor Co concordou com o maior aumento salarial base em mais de 30 anos.
Esses aumentos salariais vêm após décadas de estagnação do crescimento salarial no país, mergulhado na deflação após o colapso da bolha econômica no início da década de 1990. Os preços ao consumidor no Japão aumentaram 4,2% em janeiro em relação ao ano anterior, aumentando ao ritmo mais rápido desde setembro de 1981.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, pediu que a comunidade empresarial aumente os salários para amenizar os encargos financeiros das famílias afetadas pelos preços em alta de tudo, desde alimentos até gasolina. Ele expressou esperança de que os aumentos salariais em grandes corporações se espalhem para empresas menores.
Os aumentos salariais são vistos como um sinal positivo para a economia japonesa, mas ainda não são suficientes para compensar o aumento dos preços ao consumidor. O salário médio no Japão em 2022 foi de 439.880 ienes por mês, cerca da metade do nível nos Estados Unidos, que marcou a maior compensação. Para compensar a diferença salarial em relação ao exterior, algumas empresas japonesas introduziram medidas drásticas, como a Fast Retailing Co, que aumentou os salários anuais de seus funcionários em até 40%.
Nem tudo são flores…
No entanto, as empresas de despacho de mão de obra, também conhecidas como empreiteiras ou hakenkaisha, não estão fazendo o mesmo. Isso acontece porque essas empresas precisam maximizar seus lucros, já que sua “mercadoria” é basicamente a mão de obra.
Infelizmente, devido grande quantidade de fraudes no processo de nomeação de um representante dos funcionários para negociar condições de trabalho, é difícil conseguir um aumento para os trabalhadores uma vez que essas pessoas não tem um representante real para negociar seus salários.
Com o aumento do valor/h relativo pago aos funcionários efetivos desse lugar, as empreiteiras deverão enegociar ou aumentar o valor que as empresas pagam pela hora dos trabalhadores despachados conhecido como “tanka”, que deveria ser repassado aos funcionários para ir de encontro com o que determina a última revisão das normas trabalhistas (2018), porem, apesar de agora haver uma obrigação legal para salários iguais, as empreiteiras ainda têm a liberdade de definir a remuneração que pagam aos seus próprios funcionários.
Isso levanta questões sobre a efetividade das novas regras trabalhistas no Japão e como elas estão sendo aplicadas na prática.
